Nos últimos meses, percebi um aumento considerável na preocupação das empresas com saúde mental no ambiente de trabalho. Essa tendência foi reforçada com a recente atualização da NR-1 pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), uma norma que passou a exigir, de fato, que todas as empresas – de qualquer porte – realizem a identificação, avaliação, controle e monitoramento de riscos psicossociais. Neste artigo, quero compartilhar um guia prático, com base na minha experiência e no próprio texto legal, para que você consiga se adequar com agilidade e segurança até o novo prazo, usando métodos proporcionais ao seu negócio, sem confusões nem medo de multas repentinas.
O cuidado com a saúde mental agora está na lei.
O que mudou com a NR-1? Riscos psicossociais no centro do GRO e PGR
O primeiro ponto que costumo reforçar nas conversas com profissionais e lideranças é que, agora, é obrigatório que o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) inclua fatores psicossociais como metas inalcançáveis, sobrecarga, más comunicações, assédio, conflitos e desrespeito à diversidade. Isso está fundamentado tanto no novo texto da NR-1 quanto no conteúdo da NR-17 ("Ergonomia").
Segundo o Guia do MTE para riscos psicossociais, até 2025, as exigências são educativas – ou seja, você terá tempo para implementar mudanças sem sanções. As autuações só terão início em 26/05/2026. Esse período serve para que as empresas estruturem processos para prevenção, intervenção e registro adequado das ações relacionadas à saúde mental ocupacional.

O que são riscos psicossociais?
Durante as avaliações que realizei, percebi que muitos gestores ainda confundem os riscos psicossociais com “ambiente tóxico” de modo genérico. O conceito se refere a toda exposição que afete saúde mental dos trabalhadores: cobranças inadequadas, assédio, metas fora da realidade, jornadas extensas, insegurança, discriminação e conflitos mal solucionados. O que a NR-1 faz, na prática, é tirar esses aspectos do campo “moral” ou de cultura e trazê-los para políticas e controle formal, fazendo parte do gerenciamento de riscos ao lado dos riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos.
Encontrei muitos conteúdos que esquematizam esse tema em detalhes, como os publicados em blogs especializados em psicologia organizacional. Isso me ajudou a enxergar que é possível organizar ações práticas, sem grande custo, e cumprir a legislação com resultados reais no ambiente de trabalho.
Como fazer a adequação rápida: modelo de 14 dias
Muitos clientes e amigos me perguntaram como fazer para cumprir a norma de forma rápida, eficaz e sem burocracia. Por isso, criei um roteiro objetivo de 14 dias, que pode ser adaptado conforme o tamanho e o risco do seu negócio.
Modelo rápido para adequação aos riscos psicossociais:
- D1 - D2: Veja quem vai liderar o processo. Pode ser RH, gestão ou até mesmo uma consultoria; o fundamental é registrar o responsável.
- D3 - D4: Realize uma AEP (Avaliação Ergonômica Preliminar). Use formulários simples para identificar fatores como comunicação, metas e relações interpessoais.
- D5 - D7: Se surgirem situações mais sensíveis, faça uma AET (Análise Ergonômica do Trabalho), reunindo informações junto aos trabalhadores.
- D8: Crie um inventário de riscos psicossociais. Eleja categorias de riscos e descreva exemplos práticos do cotidiano da empresa.
- D9 - D10: Elabore um plano de ação: defina prazos, responsáveis e metas de melhoria, sempre com abordagem proporcional ao porte e risco do negócio.
- D11: Desenvolva políticas e protocolos – incluindo canal de denúncia com garantia de confidencialidade.
- D12: Treine lideranças para adequar cobranças, definir metas claras, promover respeito e prevenir qualquer forma de assédio.
- D13: Ofereça trilhas educativas breves sobre sono, estresse e foco; e, se possível, acesso a atendimento psicológico (interno ou externo), sempre com relatórios agregados, sem dados nominalizados.
- D14: Implemente mecanismos de registro e mensuração de resultados por indicadores internos e externos.
Esse roteiro pode ser adaptado para diferentes níveis de complexidade. Empresas menores podem simplificar etapas, mantendo o registro e canal de comunicação ativo. Grandes organizações, por sua vez, demandam inventários e relatórios mais robustos.

Como mensurar resultados e garantir confidencialidade?
Sempre surge a dúvida sobre como fazer o acompanhamento sem expor colaboradores. Falo com tranquilidade: é totalmente possível usar métricas agregadas, como engajamento em trilhas educativas, número de sessões realizadas, canais de denúncia ativados e, principalmente, indicadores como absenteísmo, rotatividade, incidentes e pesquisas internas do tipo NPS ou CSAT.
- Absenteísmo relacionado a afastamentos e reclamações médicas;
- Rotatividade, principalmente em setores de alta pressão;
- Incidentes ou relatos de assédio/moobing registrados;
- Índices de satisfação (NPS, CSAT);
- Participação nas trilhas de saúde e sessões de apoio psicológico.
No universo da gestão de pessoas, é consenso que dados gerenciais agregados aumentam a confiança dos times e facilitam o alinhamento com a NR-1, mantendo todos protegidos.
Não é obrigatório ter psicólogo interno. Empresas de todos os portes podem contratar serviços externos, garantindo sigilo e relatórios sem identificar nomes dos atendidos. Essa prática é recomendada pelo próprio Guia do MTE.
Micro e pequenas empresas: abordagem proporcional e simplificada
Às vezes, ouço pequenos empresários preocupados, achando que precisarão investir grandes quantias ou criar estruturas sofisticadas. O texto da NR-1 é claro ao dizer que a abordagem deve ser proporcional ao porte e risco do negócio.
Para pequenas equipes, é possível fazer a AEP, registrar as principais situações de estresse e criar um canal simples de escuta, treinando os líderes para identificar e resolver problemas. O uso de soluções digitais como o Singular, por exemplo, permite organizar lembretes, registros de atendimentos e a própria oferta de trilhas educativas, concentrando tudo em um ambiente seguro e rastreável.
Quer saber mais sobre protocolos de atendimento psicológico digital, principalmente diante das exigências da NR-1? Recomendo a leitura deste guia para atendimento em telepsicologia em 2026.
Dúvidas frequentes: apoio externo e relatórios agregados
Em minhas consultorias, muitas perguntas surgem:
- Como garantir confidencialidade? Relatórios agregados nunca mostram nomes, apenas dados totais.
- Posso contratar serviço externo? Sim! Checklist e protocolos documentam as ações; não há exigência de equipe própria.
- Quais documentos guardar? Inventário de riscos, planos de ação, comprovantes de treinamentos e relatórios de ações.
Essas práticas, inclusive, fazem parte dos conteúdos de gestão e práticas em blogs técnicos do setor, que trazem exemplos de políticas e checklists para você se basear.
Conclusão: prepare-se, registre e evolua sempre
Na minha opinião, a NR-1 se consolida como um divisor de águas no cuidado com o bem-estar do trabalhador. Basta dar o primeiro passo, registrar seu processo e monitorar resultados para atender à legislação e transformar a cultura interna.
Se a sua clínica ou empresa deseja integrar saúde mental na rotina, com soluções digitais seguras, lembretes automáticos de sessões e trilhas educativas integradas ao atendimento psicológico, recomendo experimentar o Singular. Conheça nossos recursos em gestão de psicologia organizacional e torne a adequação à NR-1 mais simples, transparente e eficaz para todos.
Perguntas frequentes sobre adequação à NR-1 e riscos psicossociais
O que são riscos psicossociais no trabalho?
Riscos psicossociais são fatores presentes no trabalho que impactam a saúde mental, como exigências exageradas, relações conflituosas, metas inatingíveis, assédio, longas jornadas e comunicação falha. Eles afetam o bem-estar emocional dos colaboradores e, desde a atualização da NR-1, precisam ser avaliados e controlados formalmente pelas empresas.
Como identificar riscos psicossociais rapidamente?
O primeiro passo para identificar riscos psicossociais é aplicar uma AEP (Avaliação Ergonômica Preliminar), ouvindo colaboradores e mapeando situações de estresse, sobrecarga e conflito. Listar exemplos práticos e buscar feedback direto facilitam o processo. Se for necessário, aprofunde com uma AET (Análise Ergonômica do Trabalho), coletando dados de quem está mais exposto.
Quem precisa se adequar à NR-1?
Todas as empresas com empregados, independentemente do porte e do segmento, devem se adequar à NR-1, incluindo identificar e gerenciar riscos psicossociais. Para micro e pequenas empresas, a abordagem deve ser proporcional ao risco. A legislação prevê flexibilidade, mas não isenta da obrigação de registrar ações.
Quais empresas são obrigadas a seguir a NR-1?
Empresas de qualquer porte, com pelo menos um colaborador contratado sob regime CLT, precisam cumprir a NR-1. Isso inclui negócios de pequeno porte, clínicas, escritórios e até operações familiares formais. Quem ainda não possui colaboradores oficiais, deve se preparar caso pretenda ampliar a equipe.
Como fazer a adequação de forma simples?
A adequação simples se faz seguindo um roteiro prático: escolha o responsável, realize AEP, crie inventário de riscos, estabeleça plano de ação, abra canal de denúncia com sigilo, treine lideranças e use indicadores agregados para monitoramento. Adotar soluções digitais, como o Singular, facilita o registro, o acompanhamento e o acesso a trilhas educativas e relatórios.
