Parece que ontem mesmo estávamos comemorando o início do ano, e num piscar de olhos, já é Carnaval. Escuto muita gente dizer isso, e eu mesma me pego surpresa com a passagem do tempo. Essa sensação serve como um lembrete prático: o tempo realmente passa, não importa como o percebemos.
Por que sentimos que o tempo voa?
A cada ano, é como se tudo estivesse mais rápido. Olho em volta e percebo uma sociedade marcada pela aceleração. Avanços tecnológicos, redes sociais, a cultura do consumo: tudo parece exigir mais, com imediatismo e pressa que poucas vezes presenciei em outras épocas. Sinto que as pessoas são pressionadas a produzir, consumir e responder sem parar. O resultado? Um estado coletivo de agitação, que mexe com a forma como medimos nossos dias.
Não somos ensinados a parar. A pausa muitas vezes soa como uma perda. O lazer vira sinônimo de improdutividade. E esse fluxo constante acaba criando a sensação de que as semanas estão comprimidas. O tempo corre, enquanto mal conseguimos nos dar conta de cada dia que se foi.

O papel da cultura e do modo de vida
Quase todos os dias, noto que temos menos tempo para contemplação ou descanso. A pressa virou rotina. É raro encontrar quem reserve momentos para desacelerar, respirar fundo ou se desligar um pouco do frenesi digital. Muitas vezes, esse comportamento é incentivado pelas demandas do próprio ambiente em que vivemos.
Não posso deixar de olhar para isso de forma crítica. Entender a influência da cultura acelerada não significa naturalizar o problema. Pelo contrário, me alerta para a necessidade de encontrar alternativas reais. Essa reflexão é constante para mim. Vejo quanto a tecnologia facilita o trabalho, o contato, mas também como ela pode roubar, quase sem percebermos, os pequenos espaços entre as tarefas, que antes serviam para o ócio e o relaxamento.
Ao escrever sobre o tratamento psicológico utilizando ferramentas como o diário do paciente, compartilho meu olhar sobre a importância dos registros pessoais para organizar pensamentos e experiências no meio desse turbilhão do cotidiano moderno.
Quando o tempo parece parar
No sentido oposto, quando vivemos situações difíceis, tudo muda. Algumas experiências, como o luto, a tristeza profunda ou a depressão, podem fazer o tempo quase estagnar. Já acompanhei pessoas em quem o relógio parecia bater mais devagar, o mundo andando para frente, mas a sensação era de paralisia.
Nessas horas, percebo que a experiência do tempo é sempre subjetiva. Não é só o calendário que avança. Nossas emoções, vivências e contextos também influenciam na percepção da passagem dos dias.
“Quando as dores ocupam espaço, os minutos se arrastam.”
Fatores que influenciam a percepção do tempo
Aprendi, ao longo da vida e da prática clínica, que esse sentimento de tempo voando, ou não passando, depende de muitos fatores:
- O modo de vida, incluindo rotina, trabalho e lazer
- Aspectos sociais, como normas do grupo, cobranças e expectativas
- Cultura: valores ligados à produtividade e à valorização do “fazer” constante
- Histórico pessoal: como cada um lida com emoções e memórias
Pare um instante e perceba: alguém com muitos compromissos talvez sinta que as horas escorrem. E alguém em sofrimento emocional pode sentir a vida congelada. Não é raro que o excesso de atividades, somado ao estresse, seja responsável por aumentar sintomas de ansiedade e inquietude. Vejo muito isso no contato com pacientes e colegas.
Sobrecarregar-se e suas consequências
Nem sempre percebemos que por trás da pressa e da sensação de tempo voando existe uma sobrecarga. O excesso de tarefas pode comprometer diretamente a saúde mental, elevando ansiedade e estresse. Mais encontros online, trabalho em casa, família para cuidar, notícias para acompanhar, listas a cumprir. Quando sentimos que nunca é suficiente, algo está errado.
O Singular, por exemplo, traz recursos práticos de organização de agendas, lembretes automáticos de consultas e o compartilhamento de diários. Ferramentas assim podem ajudar profissionais e pacientes a trazer um pouco mais de estrutura a um cotidiano acelerado, favorecendo a percepção de tempo bem aproveitado e o acompanhamento das próprias emoções. Já escrevi sobre isso também no diário compartilhado no tratamento psicológico como uma forma de criar pequenos rituais de autocuidado.
O que fazer para desacelerar?
A pergunta que mais recebo é: como encontrar espaço para si mesmo no meio desse cenário?
“Tempo para cuidar de si é tempo investido em saúde.”
Gosto de sugerir três medidas práticas:
- Destinar momentos na semana apenas para lazer ou relaxamento, mesmo que curtos
- Estar presente nas atividades simples do cotidiano, tentando percebê-las com mais atenção
- Reservar tempo para conversar com pessoas queridas, sem a cobrança da produtividade
Em minha experiência, separar um momento para si, se permitir pequenas pausas ou hobbies, não é luxo. É autocuidado. Essas atitudes simples já desafiam o ritmo acelerado do mundo externo.

Refletir sobre a rede de apoio
Outra sugestão que considero valiosa é repensar nossa rede de apoio. É importante contar com pessoas, grupos, serviços e espaços de confiança. Familiares, amigos, vizinhos, organizações e até redes virtuais podem estar disponíveis para compartilhar demandas e sentimentos.
Quando percebo sinais de sofrimento, sempre oriento buscar suporte emocional. Às vezes, um simples desabafo já faz diferença. Mas em situações mais complexas, o apoio profissional é fundamental.
Existem alternativas de atendimento também pelo SUS ou nas clínicas-escola de universidades, para quem não pode investir em terapias particulares. O acesso à psicoterapia, seja presencial, seja online, ajuda a criar novos sentidos, ajustar expectativas e encontrar estratégias mais leves para lidar com o tempo e o estresse. Recomendo a leitura do guia prático para atendimento em telepsicologia para quem deseja saber mais sobre essa modalidade.
Reconhecendo sinais de sofrimento emocional
Falo aqui por observação direta: olha como a percepção do tempo pode entregar sinais de sobrecarga emocional. Se você nota que o tempo corre demais ou quase não passa, talvez seja hora de escutar o próprio corpo e mente. Alguns sinais merecem atenção:
- Alterações frequentes de sono e apetite
- Irritabilidade ou tristeza persistente
- Desinteresse por atividades que antes traziam prazer
- Sensação de angústia diante da rotina
- Dificuldade de concentração
Nesses casos, sempre reforço: buscar ajuda não é sinal de fraqueza. É demonstração de responsabilidade com sua saúde. A psicoterapia pode ser um caminho para criar estratégias novas, encontrar sentido e construir relações com o tempo mais saudáveis.
Se quiser ler mais reflexões como essas, recomendo conferir outros artigos sobre psicologia no meu blog, além dos textos disponíveis na categoria de psicologia do Singular.
Conclusão
Vivemos em uma época que incentiva a pressa, a conexão constante e o preenchimento de tempo com tarefas. Mesmo assim, acredito que é possível resgatar momentos de pausa, presença e autocuidado. Cuidar de si e estar atento à própria saúde mental é o caminho para uma relação mais leve com o tempo. Escolher desacelerar, nem que seja por poucos minutos, pode transformar a percepção dos dias e as experiências vividas.
Se esse tema faz sentido para você ou para a dinâmica de sua clínica, vale conhecer o Singular, uma solução completa para gestão de clínicas de psicologia, que integra tecnologia, comunicação e ferramentas de auxílio ao autocuidado de profissionais e pacientes. Aproveite para experimentar funcionalidades como lembretes automáticos e diário compartilhado e veja como organizar o tempo pode ser o primeiro passo para mudanças significativas.
Perguntas frequentes
Por que o tempo parece passar mais rápido?
Essa sensação está associada ao grande número de tarefas, à rotina acelerada e à falta de pausas diárias. Quando estamos sempre ocupados, fica difícil notar o passar dos dias, pois o cérebro prioriza a execução e deixa em segundo plano os detalhes de cada experiência.
O que causa a sensação de tempo acelerado?
Diversos fatores contribuem: uso intenso de tecnologia, demandas de trabalho, pressão social e consumo de informações em excesso. A cultura de produzir mais contribui diretamente para a percepção do tempo acelerado, tornando raro o momento de contemplação ou descanso.
Como a saúde mental afeta a percepção do tempo?
Pessoas em sofrimento emocional ou frente a quadros como luto e depressão costumam perceber o tempo mais devagar. Por outro lado, ansiedade e excesso de atividades podem fazer o tempo parecer correr. Ou seja, o estado emocional influencia diretamente a percepção temporal.
Como posso desacelerar o ritmo do meu dia?
Algumas alternativas incluem reservar momentos para lazer, tentar priorizar a atenção plena nas atividades cotidianas e buscar práticas de relaxamento. Ter organização com ajuda de agendas ou diários, como sugere o Singular, também pode facilitar essa desaceleração.
Quais práticas ajudam a cuidar da saúde mental?
Entre as práticas benéficas estão:
- Momentos de lazer e entrega ao ócio criativo
- Manutenção de vínculos com pessoas queridas
- Acompanhamento psicológico quando necessário
- Pauses regulares para descanso, alongamento ou respiração
- Registro de emoções e reflexões, como em diários de acompanhamento
Buscar psicoterapia, cuidar do sono e da alimentação, além de reconhecer limites, complementam esse cuidado integral.
